Famalicão, uma das mais jovens cidades de Portugal (1985) e do Minho, sede de concelho e comarca, nasce para a história em 1205, com o foral de D. Sancho I. Alguns autores referem que a povoação hoje denominada Vila Nova de Famalicão já era, nos alvores da nacionalidade portuguesa, sede administrativa e judicial da Terra de Vermoim, de quem, aliás, foi, até ser concelho, cabeça de julgado, herdando-lhe o território.
Uma certa tradição pretende, sem fundamento, encontrar a origem (desconhecida) do nome da terra famalicense num pseudo-personagem histórico chamado "Famelião", que ao fixar-se aqui, no tempo dos Condes de Barcelos, terá aberto uma taberna conhecida por "Venda Nova de Famelião...". Ter-se-á que esperar pelo censo de 1527 para aparecer pela primeira vez a referência a "Vila Nova da Famalyquam", embora em 1307 já se fale, nas chancelarias de D. Dinis, em "Fhamelicam".
Sendo terra e povoação antiga, Vila Nova de Famalicão é um concelho moderno, criado em 1835, por carta foral da Rainha D. Maria II, a qual também lhe restituiu em 1841, o título de "Vila". Fruto da revolução liberal, é o também da luta persistente e da vontade afirmativa de autonomia das suas gentes, que, durante longas décadas, exigiram a sua desanexação de Barcelos, imposta em 1410, pondo fim a séculos de declínio e apagamento político.
A partir de meados do século XIX, depois da refundação do concelho e com a abertura da estrada Porto-Braga em 1851 e do caminho-de-ferro (1875), Famalicão entra numa fase de grande desenvolvimento. Constroem-se edifícios públicos, como o Hospital da Misericórdia (1878) e os Paços do Concelho (1881) e erguem-se na nova estrada, então Rua Formosa, "edifícios particulares luxuosos" com capitais vindos do Brasil, de que é exemplo paradigmático o Palacete da Trovisqueira. É nessa época que começam a instalar-se, na então vila e no concelho, fábricas e oficinas "que vão mudar a fisionomia da terra e torná-la, pouco a pouco, centro de uma grande zona comercial e industrial".
São os casos da Boa Reguladora (1892), Tipografia Minerva (1886) e das fábricas têxteis em Riba de Ave, a primeira das quais em 1890 do Barão da Trovisqueira e a Sampaio Ferreira em 1896 por Narciso Ferreira.
"No fim do século XIX e princípios dos actual, Famalicão teve porventura, o período áureo da sua vida intelectual e artística".
Apesar da morte de Camilo Castelo Branco em 1890, depois de ter escrito em Ceide boa parte da sua obra, floresce na viragem do século, em Famalicão, um punhado de escritores, poetas e jornalistas que fundam jornais ("Gazeta do Minho" - 1882, "Gazeta de Famalicão" e o "Minho" - 1884, o "Porvir", "O Leme" e "Estrela do Minho" - 1895), revistas ("Alvorada" - 1885 e "Nova Almada" - 1891) e editaram livros que ainda hoje são marcos na história literária e cultural: Júlio Brandão publica o seu primeiro livro de poemas "O Livro de Aglais" (1892), enquanto Bernardino Machado ensina em Coimbra e aí produz e edita grande parte do seu pensamento pedagógico ("O Ensino") em 1898 e político ("Pela Liberdade") em 1901. Alberto Sampaio vai dando à estampa, em revistas (Revista de Guimarães e Revista de Portugal), as investigações históricas, realizadas no silêncio da sua Casa de
Boamense, que serão, após a morte (1908), reunidas nas "Vilas do Norte de Portugal" e "Póvoas Marítimas".
É também, por essa altura, que os poetas Manuel Dias Gonçalves Cerejeira e Sebastião de Carvalho editam, respectivamente, "Cinzas" (1896) e "Rosas da Minha Terra" (1915). Por seu lado, o Conde de Arnoso da Casa de Pindela, do grupo dos "Vencidos da Vida", publica "Azulejos" (1886).
Liderando um dos pólos de desenvolvimento do Vale do Ave, a cuja Associação de Municípios pertence, o município de Famalicão, com cerca de 120.000 habitantes, está solidário e trabalha pela modernização da indústria têxtil (dominante) e pela diversificação industrial, quando se assiste à implantação crescente da indústria da alimentação.
Outra batalha importante do presente é a preservação da identidade e a defesa do património natural e histórico-cultural. As belezas paisagísticas e os miradouros (Monte do Facho, Santa Catarina, Senhor dos Aflitos), assim como o património arquitectónico construído ao longo de séculos (castros, casas solarengas), as pontes românicas (Lagoncinha, S. Veríssimo, Coura e Gravateira), a memória camiliana, onde avulta a Casa de Camilo, as Igrejas românicas, capelas e cruzeiros (cruzeiro em granito em Arnoso Santa Maria do séc. XIV), são riquezas inestimáveis que dando dimensão histórica à nossa condição humana, devolvem um sentimento colectivo, imperecível, de famalicenses e cidadãos do mundo.
1.1.Os anos que marcaram
1 Julho de 1205 - Carta de foral de D. Sancho I
18 Julho de 1835 - Criação do concelho
28 Setembro de 1835 - 1.ª reunião da comissão organizadora do município de V.N.F.
1217 - Confirmação da carta de foral por D. Afonso II
1841 - D. Maria concede a V.N.F. a categoria de vila
1850 - Conclusão da estrada Porto-Braga passando por Famalicão
1862 - Primeira Estação Postal
1870 - Abertura do Hospital de S. João de Deus
1875 - Inauguração da Linha-férrea
1881 - Inauguração dos antigos Paços do Concelho
1890 - Suicídio em Ceide S. Miguel, na actual Casa Museu, do escritor Camilo Castelo Branco
1908 - Primeiras Festas Antoninas
1909 - Iluminação pública por energia eléctrica
1913 - Fundação da Biblioteca Municipal
1947 - As duas feiras grandes (Maio e Setembro) passam a ser francas
1948 - Primeiro plano de urbanização da Vila
1952 - Incêndio nos Paços do Concelho
1985 - Elevação da Vila de Famalicão a cidade
2.Culturalmente a cidade
Com uma rica e variada tradição cultural que remonta aos tempos pré-históricos, a comunidade famalicense tem-se afirmado com uma personalidade própria e bem definida.
Os castros nos cimos dos montes, as pontes que abraçam as margens dos rios, as igrejas que reflectem espiritualidade, a nobreza das casas solarengas, os usos e os costumes do amanho da terra, a riqueza do artesanato e rica gastronomia são um testemunho vivo de uma comunidade que constrói o futuro a cada momento.
Mas Famalicão é também uma terra profundamente entranhada na vida trágica de um dos seus maiores vultos da literatura portuguesa: Camilo Castelo Branco.
Em S. Miguel de Ceide viveu e escreveu até à cegueira e ao desespero, retractando com génio a sociedade portuguesa.
A casa Museu de Camilo, património do município, é bem o exemplo vivo da vida do "maior romancista da Península Ibérica".
Mas Famalicão não é apenas Camilo. Culturalmente é uma cidade inovadora, moderna e activa que sabe cativar o grande público com a sua Casa das Artes, sala que promove espectáculos culturais diversificados a preços convidativos: teatro, dança, canto, projecção de filmes, exposições, o festival anual de cinema (Famafest), colóquios.
2.1 Economicamente
O concelho de Famalicão tem ocupado uma posição relevante na economia regional, com particular destaque no contexto do Vale do Ave.
Este posicionamento tem sido reforçado nos últimos anos, através da melhoria das vias de acesso e comunicação, pela modernização das empresas têxteis já instaladas e particularmente pelo incremento de novas indústrias. Podemos, por isso, concluir que as vias rápidas, auto-estradas e outras vias de comunicação associadas a uma modernização do sector industrial foram os instrumentos indispensáveis para a vitalidade deste concelho.
Em termos de população activa, 5,4% trabalha no sector primário, 75,4% no secundário ocupando o sector terciário 19,2% dos trabalhadores.
Sendo um concelho em que a industria têxtil é preponderante, não podemos deixar de lembrar outras actividades com alguma importância, nomeadamente as indústrias de alimentação, nos subsectores das carnes, padaria, bolachas e biscoitos, que tem vindo aumentar de forma bastante significativa o seu valor bruto de produção.
O sector têxtil concentra-se nas freguesias de Calendário (esta reúne a maior aglomeração de indústrias transformadoras), Ribeirão, Delães, Oliveira S. Mateus, Joane, Riba d'Ave e Vila Nova de Famalicão.
A estas actividades juntam-se outras de menor dimensão, mas de importância crescente na criação de postos de trabalho, logo de riqueza; destacamos pelo seu dinamismo o sector de fabrico de máquinas, de equipamentos e de material de transporte.
3.Aqui se situa
O passado e o presente de Vila Nova de Famalicão estão determinados pela sua excelente situação geográfica. Encruzilhada de vias de comunicação, bem no coração do Vale do Ave, o município de Vila Nova de Famalicão é, desde sempre, um centro de dinamismo económico de grande envergadura e um nó privilegiado de vias de comunicação.
Em suma, uma terra e um povo aberto à Europa, onde todos os caminhos se cruzam e os homens se abraçam.
A 20 minutos do aeroporto internacional Francisco Sá Carneiro e do Porto de Mar de Leixões, cruzado por auto-estradas, estradas nacionais e caminhos-de-ferro que unem os principais centros urbanos do Norte do País e da Europa.
Vila Nova de Famalicão é um município que apresenta excelentes condições para a implementação e desenvolvimento de inúmeras actividades produtivas.
4. Onde se pode aprender e crescer
4.1 MUSEU CASA DE CAMILO
A casa chamada de Camilo foi construída por Pinheiro Alves, em 1830, quando regressou do Brasil, na posse de avultada fortuna.
A 17 de Março de 1915, um violento incêndio devorou completa e inexplicavelmente a moradia.
Formou-se uma Comissão de Homenagem ao Escritor que adquiriu em 17 de Abril de 1917, a Ana Rosa Correia e filhos, as ruínas e o quintal contíguo, bem como a livraria restante de Camilo, alguns autógrafos, correspondência de amigos e admiradores, mobiliário e objectos diversos.
Na reconstrução, a casa sairia muito adulterada, pois a instalação da escola primária da freguesia de Ceide no rés-do-chão e os requisitos técnicos a que para esse fim teve de obedecer, como a cubagem da sala de aula, alteraram-lhe certas características estruturais, em especial o pé direito e as janelas.
Concluídas as obras, a Comissão de Homenagem entregou à edilidade famalicense a casa reedificada, ficando esta responsável pelos encargos turos das instituições ali fundadas: a Escola Primária e o Museu Camiliano.
4.2 FUNDAÇÃO CUPERTINO DE MIRANDA
Na cultura, o ponto de referência são os Museus: o Museu da Fundação Cupertino de Miranda onde se realizam com frequência exposições temporárias, é detentora de uma das mais vastas e melhores bibliotecas do concelho, a Fundação é obra viva do grande benemérito e filantropo que foi o Comendador Cupertino de Miranda.
4.3 MUSEU DA INDÚSTRIA TÊXTIL
O espaço físico do Museu é parte integrante do seu próprio património histórico, assumindo-se a sua remodelação como um compromisso entre a salvaguarda das características históricas do edifício e as necessidades do Museu.
O Museu da Indústria Têxtil é um projecto tutelado pela Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, constituindo parte integrante dos seus serviços e previsto no organigrama.
4.4 INSTITUIÇÕES DESPORTIVAS
- Famalicense Atlético Clube (FAC) que dinamiza múltiplas actividades, tais como, Hóquei em Patins, Basquetebol, Voleibol, Ginástica, Andebol, Futebol de Salão, Ténis de mesa e Xadrez;
- Piscinas Municipais;
- Campos de Ténis Municipais
- Futebol Clube de Famalicão;
- Operário Futebol Clube;
- Clube de Rugby de Famalicão;
- Associação Desportiva Boa Esperança;
- Sociedade Columbófila de Famalicão
5. As especialidades da casa
5.1 Artesanato
O Artesanato, a arte popular por excelência, encontra-se espalhado por todo o concelho sendo constituído, por chapéus de palha, cestos, alfaias agrícolas de madeira e ferro, funilaria, talha e ferro forjado.
Ninguém fica indiferente à famosa gastronomia do Minho, uma das mais admiradas e apreciadas de todo o País.
5.2 Gastronomia
Desde as famosas papas de sarrabulho, aos rojões à moda do Minho, passando pelo apreciadíssimo bacalhau, o cozido à portuguesa e o arroz de cabidela, bem acompanhados de um bom copo de vinho Verde (branco ou tinto), famoso vinho da região.
A arte de bem-fazer e bem comer tem tradições já honradas por Camilo em V.N. de Famalicão, sendo vários os restaurantes onde se pode fazer uma boa refeição à moda minhota.
Quem come em V.N. de Famalicão, dificilmente deixará de passar para repetir.
Os deuses foram generosos connosco. Temos de lhe estar gratos.
6. Animação na cidade
São inúmeras as feiras, festas e romarias que se realizam, ao longo de todo o ano.
Em V.N.F. organiza-se a 8 de Maio a Feira Grande ( ou feira das trocas, uma vez que, como à séculos, ainda se pratica a permuta de animais), coincidindo com o certame Famalicão em Flor; a 29 de Setembro tem lugar, anualmente, a Feira de S. Miguel ou a Feira das Nozes com exposição Agro-pecuária. A Feira semanal realiza-se todas as quartas-feiras.
Em Abril realizam-se festas em Vila Nova de Famalicão (Semana Santa).
As Festas Antoninas são um verdadeiro ex-libris da cidade. Realizam-se, estes festejos, desde 1908 nos dias 9 a 13 de Junho, ano após ano, com a participação de gente que vem de todo concelho, para homenagear o padroeiro da cidade.
"Eu Sancho, por graça de Deus, Rei de Portugal (...) outorgo carta de foral aos homens que povoaram aquele meu reguengo de Vila Nova. "
(Foral de D. Sancho I, 1 de Julho de 1205)
"Eu a Rainha faço aos que este meu Alvará virem que, atendendo a que na povoação de Famalicão concorrem as necessárias proporções para sustentar com a dignidade o título de vila, (...) hei por bem, e me praz, (...) que a dita povoação, (...) fique erecta em Vila, denominando-se Vila Nova de Famalicão."
(Foral de D. Maria II, 10 de Julho de 1841)